Antes do auto monitoramento da glicose sanguínea (GS) com a glicemia capilar, os pacientes confiavam em métodos indiretos e imprecisos. A análise de urina foi o primeiro utilizado, mas refletia apenas os níveis altos de GS de várias horas anteriores. Na década de 1970, os primeiros testes de GS por punção digital ficaram disponíveis e transformaram a natureza do auto monitoramento da glicose. Desde então, este método passou a ser padrão para os pacientes com diabetes.
Com a evolução da tecnologia, o monitoramento contínuo da glicose (MCG) está cada vez mais disponível, permitindo que o paciente monitore constantemente seus níveis de glicose sem a necessidade de múltiplas picadas de dedo.
Esses sistemas empregam um sensor enzimático eletroquímico de glicose inserido no liquido intersticial subcutâneo, que reflete com precisão os valores de glicose plasmática. A informação é gerada de forma contínua e em tempo real, o que permite análise do perfil ou comportamento glicêmico, e não apenas medidas estáticas. Os dados gerados podem ser compartilhados com o médico de forma segura e confiável, ajudando a gerenciar melhor o diabetes.
De forma geral, o MCG permite:
- Registro dos valores de glicose durante todo o dia e noite
- Conhecer os efeitos que a alimentação, exercício e medicação podem ter nos níveis de glicose
- Ferramentas adicionais para prevenir níveis de glicose altos e baixos
- Avaliar a média d glicemia e estimar a hemoglobina glicada
No Brasil, temos disponíveis o sensor Enlite® e FreeStyle Libre®.
Sensor que mede a glicose do fluido intersticial a cada 5 minutos por meio de monitoração contínua de glicose. A transmissão dos dados do sensor para a bomba é feita de forma automática por um transmissor reutilizável, chamado minilink. As informações, então, são visualizadas na bomba de insulina que estará configurada quanto aos limites de hiper e hipoglicemia. O Enlite® tem duração de 6 dias e precisa ser calibrado com ponta do dedo pelo menos 3 vezes ao dia, segundo recomendação do fabricante.
Sensor que mede a glicose do fluido intersticial a cada 15 minutos por meio de monitoração flash. O sensor é descartável, com duração de 14 dias e os dados são transmitidos através de um leitor. O usuário precisa passar o leitor perto do sensor para realizar a leitura, que é instantânea. Além da glicemia no momento, o sistema fornece a tendência de glicose, demonstrada no leitor pelo sinal da seta e é capaz de armazenar dados glicêmicos dos últimos 90 dias. O libre não precisa de calibração, mas é indicado checar a glicemia em algumas situações:
- Durante períodos de rápida alteração nos níveis da glicose (a glicose do fluido intersticial pode não refletir com precisão o nível da glicose no sangue)
- Para confirmar uma hipoglicemia ou uma iminente hipoglicemia registrada pelo sensor
- Quando os sintomas não corresponderem às leituras do sistema flash de monitoramento da glicose